MDinforMAções

Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
MDinforMAções

Este é um fórum de REDUÇÃO DE DANOS que reúne relatos, testes e informações sobre @s de MDMA, uso consciente e o risco de @s adulteradas. Qualquer postagem relacionada à sua venda será EXCLUÍDA e o autor BANIDO. Registre-se e acesse o conteúdo completo!


    Riscos e cuidados

    Ehcsztein
    Ehcsztein


    Mensagens : 36
    Data de inscrição : 04/08/2016

    Riscos e cuidados Empty Riscos e cuidados

    Mensagem por Ehcsztein Sex 05 Ago 2016, 11:30

    Os espertinhos podem ter percebido que eu usei, muitas vezes, o termo MDMA em vez de ecstasy. Não seria melhor falar de ecstasy de uma vez, já que deste comprimido que estamos falando aqui? Não, não seria, pois para falar de ecstasy temos de falar de mais de uma substância.

    Como assim? Ora, praticamente a maioria dos comprimidos de ecstasy não contém MDMA puro. Em média, 70% dos comprimidos têm algum MDMA; e, dentre estes, muitos estão misturados com diversas outras substâncias. A lista é extensa: nela entram (em ordem de ocorrência) MDA, MDEA ou MDE, MBDB, metanfetamina, parametoxianfetamina, anfetamina, efedrina, pseudoefedrina, procaína, cafeína, quetamina, indo até paracetamol e aspirina. Isto faz uma diferença enorme, em muitos sentidos. Em primeiro lugar, na questão dos efeitos relatados; como dito anteriormente, o MDMA pode ser o primeiro de uma classe nova de "entactógenos", e segundo as pesquisas, nem mesmo o seu análogo mais próximo, o MDA, funciona da mesma maneira que o MDMA. Em segundo lugar, muitos dos problemas relatados podem estar relacionados a outros produtos; lembre-se da troca entre MDMA e metanfetamina, nos experimentos de Ricaurte. Há também um perigo intrínseco na combinação de MDMA com outras substâncias.

    Além desta incerteza quanto à qualidade dos comprimidos de ecstasy, o próprio padrão de uso pode ser uma fonte de risco. Muita da pesquisa científica sobre o MDMA é conduzida com sujeitos em ambientes controlados (clinical trials), ou seja, um ambiente calmo, com temperatura e dose controlados, sem uso de outras substâncias, acesso à bebidas e ajuda especializada. São nestas condições "especiais" que pode-se afirmar que os riscos, mesmo se muitos, são inexpressivos. A situação muda, porém, quando se trata do uso "real" do ecstasy. Praticamente todos os estudos retrospectivos realizados com usuários abrem o mesmo parêntese nas suas conclusões: há muitos fatores em jogo, de modo que é difícil assegurar "de quem é a culpa". O padrão de uso ilegal da maioria dos usuários (exercício físico ininterrupto por várias horas, história de uso de diversas outras drogas, estilo de vida, existência de predisposição de fatores de risco) deve ser considerado, em todos estes casos.

    De qualquer maneira, os problemas médicos mais ocorrentes relatados com o uso do MDMA/ecstasy são a hipertermia, hiponatremia, problemas psiquiátricos e hepatoxicidade. Ocorreram várias mortes associadas com o ecstasy/MDMA, e entre elas a maioria teve o caso complicado por um quadro de hipertermia. Estatisticamente, contudo, o risco de morte por ecstasy/MDMA é muito baixo, e no geral a porcentagem das pessoas que relatam problemas médicos graves com o ecstasy também o é.

    Hiponatremia e hipertermia são usualmente desdenhados, embora já se saiba que eles são os responsáveis pelos maiores danos.

    Hiponatremia ("intoxicação por água") é a concentração anormalmente baixa de sódio no plasma sanguíneo, e pode até causar a morte. Não é uma condição causada pelo consumo de ecstasy; corredores de maratona costumam tê-la de vez em quando. Ao contrário do álcool, o MDMA tem uma ação de liberação do hormônio anti-diurético, até mesmo em pequenas doses; isto se reflete, então, no comportamento de passar horas sem sentir a necessidade de urinar. Pela hipertermia induzida, a quantidade de líquidos ingerida por uma pessoa costuma ser bastante grande; acontece que, como este líquido costuma ser água, a quantidade de sais no corpo pode baixar, e a hiponatremia tem então o seu lugar.

    A hipertermia parece ser uma condição indissociável dos efeitos do MDMA, embora ela possa ser reduzida e cuidada em condições controladas; o MDMA afeta a termoregulação, levando para um caso de hipertermia na maioria das condições. Em condições de temperatura normal esta elevação nunca passa de um grau centígrado; em lugares fechados e/ou mal-ventilados, ou em caso de desidratação, tal condição pode ser bastante aumentada, ocasionando alguns casos graves. Sabe-se também que muito da ainda estudada neurotoxicidade do MDMA está relacionada diretamente com quadros de hipertermia.

    O ecstasy também apresenta riscos de hepatoxicidade, e de complicações psiquiátricas; entre elas, depressão, esquizofrenia e transtornos de pânico. A visão geral é de que muitas destas condições estão relacionadas com uma história anterior. Uma pesquisa chegou a conclusão de que 68% das pessoas que tomaram ecstasy tinham problemas psiquiátricos; 90% destas, contudo, já os apresentavam antes do consumo da droga. O MDMA, como qualquer substância psicotrópica, pode aumentar significativamente as chances de surgimento ou de agravamento de quadros psiquiátricos.


    Cuidados

    Dados os riscos acima, não é difícil concluir quais as precauções a ser tomadas no caso de uso do MDMA. Lembrando que, obviamente, nenhuma delas irá garantir a segurança total; os riscos estão presentes, e se pode fazer o possível para minimizá-los. Assim como quase todas as atividades do dia-a-dia, o uso do MDMA é relativamente seguro, mas não totalmente.

    Em primeiro lugar, evitar a hipertermia, evitando qualquer lugar ou demasiado abafado, sem ventilação ou muito lotado. Esta é um cuidado primordial, pois, como visto acima, a hipertermia pode estar relacionada com muitos dos efeitos colaterais negativos do MDMA.

    Tomar líquidos, mas não em exagero. Embora o MDMA/ecstasy não provoque uma "sede terrível", muitas pessoas costumam tomar bastante líquido. É bom pegar leve neles; adote, de preferência, uma bebida isotônica ("Gatorade"), para evitar ainda mais o risco de hiponatremia.

    Preloading: é comum o uso prévio de antioxidantes (vitamina C, vitamina E, entre outros) por alguns usuários, especificamente para evitar alguns supostos danos por estresse oxidativo (ver Neurotoxicidade). Há também quem tome, antes de tomar MDMA, uma dose de 5-HTP, o precursor da serotonina, ou mesmo triptofano, o aminoácido (presente em grande quantidade no amendoim) precursor do 5-HTP, para se "carregar". (Tal prática não apresenta vantagens no caso de deficiências nutricionais.)

    Atenção à quantidade tomada: pela farmacodinâmica do MDMA ser não-linear, aumentos pequenos na dose provocam aumentos exponenciais na concentração no plasma sanguíneo; este aumento pode tanto aumentar os efeitos fisiológicos, como aumentar a quantidade de metabólitos no fígado, o que pode contribuir para a hepatoxicidade.

    Como com todas as outras drogas de abuso, podem ocorrer "viagens ruins" com o MDMA/ecstasy, caracterizadas por fortes sentimentos de ansiedade, e de que "algo muito ruim vai acontecer". No caso de insegurança quanto aos efeitos da droga, é importante a presença de uma pessoa de confiança. Qualquer preocupação ou ocorrência muito "esquisita" ou fora do normal deve ser comunicada. É importante procurar manter a calma; não dirija ou se envolva em qualquer atividade que exija reflexos ou tomada rápida de decisões.

    A combinação de MDMA com outras substâncias é comum. As mais populares são a combinação com a maconha, com anfetaminas, com nitritos e com o LSD (candyflip). A combinação com outras substâncias, contudo, deveria ser evitada, incluindo o álcool, por várias razões. Compostos anfetamínicos, ou cocaína, podem aumentar os riscos de ataque cardíaco e crise hipertensiva, além dos riscos de aumento de temperatura, sendo então contraindicados.

    O MDMA é altamente contraindicado para pessoas que estejam em tratamento com algum tipo de inibidor da monoaminaoxidase (iMAO, um tipo de antidepressivo). Pessoas com problemas cardíacos deveriam pensar duas vezes, assim como pessoas com disfunções no fígado. Embora o MDMA não possua nenhum efeito teratogênico comprovado, no útero, é desaconselhável o seu uso por gestantes ou mulheres que estejam amamentando, pois o MDMA é excretado junto com o leite. É de bom tom que qualquer gestante se abstenha de aventurar com os riscos de qualquer substância.

    Embora não haja nenhum perigo relacionado, pessoas que tomam fluoxetina (Prozac) relatam uma perda (de "70%" - como é que eles calculam isto?) da intensidade dos efeitos relacionados à serotonina.


    Por:Ítalo Verdelli




      Data/hora atual: Sex 10 maio 2024, 00:02