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    Set e setting

    Ehcsztein
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    Data de inscrição : 04/08/2016

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    Mensagem por Ehcsztein Sex 05 Ago 2016, 11:28

    Aqui é importante introduzir dois conceitos para nos guiar na discussão abaixo: set e setting. Os dois fazem diferença em praticamente qualquer coisa que uma pessoa pode fazer, de tomar banho a tomar café, ou fumar charuto. Setting é a disposição de fatores "externos", como o lugar, o momento; se há alguém por perto, se este alguém é a família, estranhos, ou as pessoas numa rave ou num concerto de música erudita; as condições físicas, como a temperatura, se é dia ou noite, se é uma sauna ou uma piscina... enfim. Por outro lado, o set é a pessoa mesma: toda a história de vida que pode ser relevante no momento, além das expectativas, do estado de espírito, o caráter, e o churrasquinho do almoço, lá no seu estômago. Imagine o rapaz que pegou um cigarro escondido da carteira da mãe e vai fumar em segredo no quarto, com a janela bem aberta. Ele sabe que o seu pai não aprova, e fica imaginando o que aconteceria se o pegassem no flagra. Os irmãos pequenos correm pela casa, pra cima e pra baixo, fazendo barulho, e a sua mãe vem pelo corredor e bate na porta do quarto. Ele fumou em tragos rápidos, e não gostou muito do gosto. Está começando a passar um tanto mal, enjoado; é a primeira vez. "Mas parece tão legal fumar..." Apaga rapidinho, meio tonto, vê se não ficou cheiro de fumaça, dá uma olhada no hálito, e então abre. "Ai ai ai, ela percebeu!"

    Que viagem ruim, hein? quer dizer, embora os efeitos fisiológicos de muitas coisas que ingerimos, entre sólidos e líquidos, sejam bem consistentes, para mais ou menos, as experiências podem ser bastante diferentes, dependendo de várias coisinhas do dia-a-dia. Não é simplesmente um toma lá, dá cá; é uma interação multifacetada e multifatorial entre um organismo (você, eu, o Rex) e o ambiente (um planeta, uma casa de praia, uma rave). A neurofarmacologia do MDMA, por mais consistente que possa ser, de indivíduo para indivíduo, não explica tudo da experiência em si. Mas ajuda.



    O MDMA é uma substância psicotrópica de uso proscrito no Brasil, de acordo com a lista F2 da Portaria SVS/MS 344 de 12/05/1998 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Seu uso, manufatura e tráfico são atividades ilegais, assim como em todos os países que seguem as indicações da Organização Mundial de Saúde.

    Em laboratório, o MDMA ((±)-N, µ-dimetil-3,4-(metilendioxi)fenetilamina) é um pó cristalino branco, quimicamente bastante estável em condições ambientais normais. Resiste bem ao calor, luz e ao ar; dissolve-se na água, mas não absorve umidade. Tem um gosto amargo forte e distinto.
    Há várias maneiras de síntese conhecidas. A produção clandestina ilegal é mais fácil quando parte do MDP2P, este um produto comercial usado na indústria de flavorizantes e fragrâncias. De outra forma, o MDMA precisa ser sintetizado do piperonal, do isosafrole ou do safrole. O óleo de safrole occorre naturalmente como um dos principais componentes do óleo de sassafrás; este óleo é encontrado na casca da raiz da Sassafras albidum (norte-americana, costa leste) e nas partes lenhosas da Ocotea pretiosa (América do Sul). O safrole também é encontrado na noz-moscada, endro, semente de salsinha, açafrão, açafrão-da-terra, sementes de baunilha e no cálamo.
    Há hipóteses sobre o uso ritual de alguns compostos da mesma família do MDMA, como o MDA, ou o MDEA, por comunidades indígenas, através do óleo de sassafrás. Tais hipóteses são ainda muito especulativas.

    Grande parte do ecstasy consumido ilegalmente é produzido na Holanda e na Bélgica, com um aparecimento maior recente da Rússia e de Israel, entre outros países.
    O MDMA costuma se apresentar, na maioria das vezes, na forma de comprimidos com uma variedade quase infinita de cores e logotipos. É nestes termos que a maioria dos usuários costumam referir-se a eles (Blue Volkswagen, White Dove, etc). Também há outras formas que o MDMA pode assumir, como em pó, ou mesmo gel.

    A dose média, para humanos, é em torno de 125 miligramas (aproximadamente 2 mg/kg), via oral. A quantidade encontrada nos comprimidos comercializados na rua, porém, varia muito, costumando ser um tanto menor do que isto, em média 70 mg por comprimido (quando presente, o que não é muito raro acontecer). O uso mais comum é o oral, embora o uso por inalação, da mesma forma que a cocaína, encontra um público razoável. Em pesquisas de laboratório, injeções e microinjeções cerebrais são utilizadas. O uso de injeção intravenosa é praticamente inexistente em usuários humanos, sendo descrita por alguns como muito "anfetamínica" e não-prazeirosa.
    O começo da ação é em torno de meia hora depois da ingestão do comprimido. Os efeitos agudos duram por aproximadamente 3-5 horas, dependendo da dose, com os efeitos subjetivos alcançando um ápice entre 90-120 minutos depois da ingestão, declinando lentamente. Uma outra gama de efeitos dura até 24-48 horas depois. Com doses recreativas (aproximadamente 100 mg), a meia vida do MDMA no plasma sanguíneo é de 8 horas, sendo que a excreção completa ocorre em dois dias. Aproximadamente 1/3 do MDMA é excretado intacto com doses recreativas; o restante é metabolizado principalmente pelo fígado, mais especialmente pela enzima CYP2D6. Um dos principais metabólitos é o MDA (similar ao MDMA nos efeitos, mais estimulante e potencialmente neurotóxico).

    Os efeitos "fisiológicos" são bem consistentes de pessoa para pessoa. A experiência também costuma ser bastante consistente; "ela pode ser mágica ou mística, mas não costuma ser estranha", como acontece com a grande parte dos psicodélicos. MDMA pode ser muitas coisas para muitas pessoas. Talvez pelo fato de se tratar de uma droga "suja" (os seus efeitos no cérebro são multifatoriais), pode-se encontrar na experiência uma gama variada de efeitos psicológicos.



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